domingo, 9 de outubro de 2011

Existe um trabalho feito por um grupo de médicos competentíssimos, dentre eles Dr. José Luis Gomes do Amaral, presidente do Comitê de Assuntos Médicos Sociais (SMAC) e da Associação Médica Brasileira (AMB), que nos dão detalhes do que é essa doença... espero que gostem..:

Afinal de contas, o que é Hipertermia Maligna?

"A hipertermia maligna (HM) é síndrome clínica hipermetabólica e grave, que apresenta evolução rápida para o óbito e se caracteriza por hipertermia, rigidez muscular, rabdomiólise, acidose e insuficiência de múltiplos órgãos. Na HM anestésica ocorre suscetibilidade geneticamente determinada à indução anestésica com halotano ou outros agentes voláteis hidrocarbonados e à exposição a relaxantes musculares despolarizantes, como a succinilcolina. A incidência da HM anestésica varia, segundo a região, de 1 em 14 000 até de 1 em 40 000 anestesias.

Há seis genes que podem albergar mutações relacionadas à suscetibilidade à hipertermia maligna anestésica: MHS1 (cromossomo 19, gene do receptor rianodina), MHS2 (cromossomo 17, gene do canal de sódio do músculo esquelético adulto), MHS3 (cromossomo 7, gene da subunidade a2/D do receptor di-hidropiridina), MHS4 (cromossomo 3, gene ainda não identificado), MHS5 (cromossomo 1, gene da subunidade a1 do receptor di-hidropiridina) e MHS6 (cromossomo 5, gene ainda não identificado).

O diagnóstico genético é difícil devido ao grande número de mutações encontradas. Já foram descritas dezenove mutações ligadas ao gene do receptor rianodina segundo C. Müller em 1999 relatou no Annual Meeting of the European Malignant Hyperthermia Group, (Marseille, França). As mutações relacionadas aos seis genes citados correpondem a cerca de 50% das famílias pesquisadas; nas famílias restantes o gene envolvido ainda é desconhecido.

O teste-padrão para a determinação da presença de suscetibilidade à hipertermia maligna anestésica é o estudo da contratura do músculo esquelético in vitro em resposta ao halotano e à cafeína; há positividade a pelo menos uma dessas duas substâncias em praticamente 100% dos sobreviventes de um episódio de HM anestésica. Estudos cooperativos mostraram que esse teste tem sensibilidade de 99% e especificidade de 93% quando se utiliza o protocolo europeu. Nesse teste, um fragmento de biópsia muscular é conectado a um transdutor que afere o grau de contração muscular; o músculo é, então, exposto a dose única ou crescente de cafeína e/ou halotano. A diferença entre a resposta do músculo de indivíduos normais e dos pacientes suscetíveis está no grau de contração alcançado e na sua sensibilidade às diferentes concentrações de cafeína e de halotano. "-*


* - SILVA HELGA C. A., et al -  SUSCEPTIBILIDADE À HIPERTERMIA MALIGNA EM TRÊS PACIENTES COM SÍNDROME MALIGNA POR NEUROLÉPTICOS - Arq. Neuro-Psiquiatr. vol.58 n.3A São Paulo Sept. 2000.